Poliana Okimoto e sua medalha olímpica. |
Poliana também teria
chance de disputar outra prova e garantir sua ida para Budapeste, mas não
considerou que valeria a pena. Eu não planejei ir pro Mundial pra nadar só os
5 km. A prova olímpica e pela qual eu treino é a dos 10 km. Se eu tivesse nela,
eu com certeza nadaria os 5 km, mas ir pra lá só pra isso, não era meu
planejamento. E se fosse pros 5 km, meu técnico não iria comigo. Ele sempre
esteve comigo em todos os campeonatos, faz parte de tudo o que eu conquistei.
Ele não estando lá seria injusto, completou.
Mais tocante, porém, foi
o desabafo de Poliana com relação ao reconhecimento que ela tem recebido, quase
um ano após a sua conquista olímpica. O saldo? Valeu mais para seu orgulho
próprio e dos familiares e amigos, do que para o restante.
A satisfação que eu
tenho quando eu olho a medalha olímpica em casa é enorme. São 120 anos de
história olímpica e eu fui a primeira da natação feminina do Brasil a ganhar
uma. Ela veio pra ser exemplo pra outras meninas acreditarem que a gente pode,
e essa é minha grande decepção. Acho que a CBDA poderia fazer um projeto e usar
essa medalha pra atrair público feminino pra natação, para maratona aquática,
mas pelo contrário. A CBDA não deu valor nenhum, parece até que não
gostaram, que querem apagar a medalha. Agora,
no Maria Lenk (no mês passado), eu subia no pódio e o narrador me anunciava e
nem falou da minha medalha. Custava falar? No último dia o Ricardo (Cintra, seu
marido e técnico) foi lá e deu uma bronca. Pô, por que você não fala que a
Poliana é medalhista olímpica? Ela acabou de ser medalhista. Não tem porque
você esconder isso. É um exemplo para as outras meninas que estão ali. Essas
coisas deixam a gente chateada. Fora os patrocínios, que já falei bastante
sobre isso, que não vieram. Pelo contrário, até perdi os Correios. Não tive valorização
nenhuma na parte financeira.
O esporte em si é
machista, e acho que o reconhecimento de uma medalha olímpica, se fosse
masculina, teria sido diferente do que é ser de uma mulher. Mas quando olho pra
trás e vejo tudo o que tive que percorrer pra conseguir essa medalha, eu vejo
que vale a pena, não importa o reconhecimento e valor que dão pra ela. Fora a história, que ela vai estar pra sempre".
Fonte: Swim Channel por Mayra Siqueira
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